domingo, maio 20, 2007

Formas...

Foi daqueles fins de semana …

A vontade de ir dar uma volta à Costa Vincentina já estava a ficar pendente por tempo demais. Assim, se bem o pensei, melhor o fiz.

O caminho é rápido, uma horita e muito pouco e estou lá! São Torpes, Porto Covo, vai ser um passeio porreiro. Escalam-se umas escarpas, molha-se os pés na água salgada. Não se mergulha, mas até que apetece. Por fim deito-me numa pedra… Aquecida pelo sol, polida por séculos de erosão, que as marés são bondosas para as escarpas em ardósia. Dão-lhes as mais variadas, misteriosas e improváveis formas.

Formas…

Isso traz-nos ao tema de hoje. Deitado naquela praia, o som das ondas, o calor da pedra, o calor do Sol, os olhos bem acima da linha do horizonte… no céu, literalmente nas nuvens. Fico a pensar que hoje em dia as pessoas que eram crianças quando eu fui, não olham para as nuvens, não ficam inventivos a pensar que forma têm. Pior que isso não ensinam isso aos seus filhos, é uma arte que está moribunda.

Hoje em dia parece que já não se constroem castelos nas nuvens. Nem castelos, nem bonecos, nem animais…existentes ou nem por isso.

As “construções” nas nuvens são o último bastião da força inventiva dos sonhos. Em pouco mais de uma hora que lá estive, vi de tudo, um Mickey, um tanque de guerra, um Minotauro, um coelho, uma águia a apanhar o coelho, vi uma mão a dizer-me adeus e as coisas que não se sabe o que são inventam-se, uma nave espacial, um ET, seja o que for, vale tudo.

É uma viagem dentro da viagem… Na hora de regresso, as nuvens vêm também, acompanham-me como golfinhos a acompanhar uma embarcação “são os golfinhos da criatividade”, pensei…

Chegado a casa fica uma certeza, a criatividade morre, quando morrerem as construções nas nuvens!

quarta-feira, janeiro 17, 2007

O REFERENDO DO DESMANCHO

O tema que me traz aqui hoje, é o tema forte de 2007 que ainda é um recém nascido...

O que nem de propósito, uma vez que é exactamente o Aborto.

Não venho dar a minha opinião, ou revelar o meu voto no Referendo que se avizinha, apenas tecer algumas considerações acerca do “circo” que se instalou à volta deste assunto tão sério.

“Sério” quase parece em tons de gozo, se nos recordarmos que há dois pares de anos houve já um referendo relativo a esta mesma temática. Recordo-me perfeitamente, Um Domingo solarengo em pleno Verão, com a abstenção a rondar valores simplesmente gritantes.

O “Não” ganhou na altura ... recordo-me perfeitamente que após saber o escrutínio, o resultado passou de imediato para segundo plano, uma vez que não conseguia deixar de pensar que num assunto sério como este, havia pessoas que não se tinham predisposto a perder meia hora de praia para irem votar. Uma coisa ficou de imediato esclarecida, o “Sim” neste Referendo que se aproxima poderá ganhar certamente, mas o Referendo passado foi uma prova inequívoca que quem vota “Não” fá-lo muito mais convicta e consciente que quem vota “Sim”, uma vez que estes últimos são os que não votaram da última vez, por estarem na praia.

O que incontornavelmente nos leva a pensar que a ideologia de quem é a favor do aborto, se coaduna com a sua vontade de votar, ou seja, inconsciente, e displicente e nesse aspecto é um ponto a favor das pessoas que votam “Não”.

Outra coisa que me assusta é que quando se fala em vidas, pré-vidas, futuras vidas, qualidade de vida, etc. e afins, quem mais se sobressai, não são as mães, nem as futuras mães, ou os futuros filhos, nada disso, o grande vencedor deste Referendo é a política. As duas facções degladiam-se num jogo político demasiadas vezes ostensivo, tendo em conta o que está em jogo. Mostra-se muito pouco respeito pelas argumentações contrárias e quase que se desfruem das mesmas, quando o assunto é demasiado sério para tal. Surge inevitavelmente, uma vez que se trata de uma contenda política, a questão dos financiamentos das campanhas. Os partidos há muito perceberam a importância do desfecho deste Referendo e como tal investem verbas exponencialmente superiores aquelas que estariam estabelecidas (mais uma vez a política e não a vida em destaque).

Gostaria seriamente que este Referendo fosse feito, não para o mês, mas sim em meados de Agosto, a um Domingo, para confirmar as minhas piores suspeitas.

A este Referendo, só digo que o melhor que se podia fazer era um “desmancho”.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Reentre

Boa noite!

Após uma demasiado prolongada ausência deste meu espaço na blogosfera, que se deveu, quer a dificuldades técnicas, quer às vicissitudes usuais de uma vida a um ritmo frenético eis que finalmente (e esperemos que se mantenha assim) regresso para “colocar a escrita em dia”.

Agora que já fui de férias, passou o Natal, o Ano Novo e começa-se a pensar nas dietas devido aos exageros e fazem-se projectos para o ano que iniciou é uma muito boa altura para começar a escrever cheio de vontade e preferencialmente com ideias novas.

Chamar-lhe-emos ... uma “reentre”.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Index da Insónia III

Por incrível que pareça, ainda não constava no “Index”, nenhuma obra literária (erro crasso para um devorador compulsivo de livros).

Assim, decidi hoje, que é um tão bom dia como qualquer outro presentear-vos com uma pequena pérola literária. Após ter ponderado a hipótese de começar por um clássico, precorrendo autores como Dostoievsky, Tolstoy, Edgar Poe, ou Oscar Wilde, trago-vos antes um pequeno livro de um (quase) ilustre desconhecido. Martin Page, um jovem escritor parisiense traz-nos “Como Me Tornei Estúpido”, pela mão da editora ASA.

Satírico, irónico e bem disposto, esta é uma história do quotidiano de um jovem perdido numa série de dilemas típicos de uma sociedade que se desenvolve a um ritmo alucinante, fazendo por vezes uma pessoa perder princípios, sem tão pouco reflectir sobre o assunto. Uma leitura divertida e que me parece uma óptima maneira de introduzir a literatura neste “Index”.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Hoje, e como para variar há já algum tempo que não aparecia por aqui, trago um tema sempre e cada vez mais actual… a Fé (como crença religiosa). A Fé é daquelas coisas que não se vêm, mas que têm uma força desmesurada (assim mais ou menos como a estupidez humana). Agora que os mais puritanos já me estarão a acusar de blasfémia e a imaginar-me a queimar nas profundezas fétidas dos Infernos, permitem que exponha o meu humilde ponto de vista.

A comparação com a Fé, ou crença religiosa, com a estupidez, parece-me uma analogia impossível de não se fazer, senão vejamos: Seja qual for a religião, existe invariavelmente uma entidade Suprema, omnipresente, omnisciente e omnipotente, mas sempre com o feitio de uma criança mimada. Algo, nas mãos de quem milhões de pessoas colocam as suas vidas, muitas delas literal e incondicionalmente. Quanto à recompensa… é algo que virá num futuro desconhecido, que invariavelmente coincide com o falecimento dos crentes.

Atendendo à vertente histórica, se repararmos bem, no primórdio da Humanidade já existiam crenças, que por mais arcaicas que nos pareçam hoje em dia, tinham muita lógica. Adorar o Deus Sol, a Lua, os Ventos e as Árvores… pudera, aquela gente estava mesmo dependente dos elementos e da Natureza, não admira que lhes dessem “graxa”. Já quanto a nós, Homo Sapiens orgulhosos, o que pedimos aos nosso Deuses? Além da saúde e de curas milagrosas para enfermidades, regra geral anda sempre à volta de, um emprego melhor, que o nosso clube seja campeão, que o nosso filho, neto, ou qualquer familiar largue as drogas, que a pessoa querida se apaixone por nós, que quando morrermos sejamos levados para um sítio bonito desde que nos portemos bem enquanto aqui estamos… Enfim, tudo coisas que dependem mais de nós do que propriamente de Alguém que esteja lá em “cima”.

E falando em “lá em cima”, essa é outra… o eterno pavor da fúria do Inferno, que hoje em dia já nem há muita gente a ligar. E porquê perguntam vocês? Porque decididamente, não há nada que um Diabo faça, que nós Humanos não consigamos inventar pior. Estou mesmo a imaginar o diabo a corar de vergonha, ao ver as barbáries da Santa Inquisição (aquele Torquemada, vai lá vai) Deus então nem consigo imaginar (parece que tou a Vê-lo a pensar “- Então queimar pessoas e torturá-las daquela maneira não era suposto ser coisas para serem feitas meeesmo “lá em baixo”?).

Outra das grandes vertentes da chamada “Fé” é a capacidade de se revelarem autênticas jazidas de combustível para uma enorme proliferação de seitas que por aí aparecem. Basta dizer “problemas de dinheiro, saúde, amor, profissionais, etc. Nós resolvemos!” (ou seja, todos e quaisquer problemas da vida em sociedade actualmente), o que faz depreender que “Fé” confunde-se cada vez mais com a falta de vontade de resolver os próprios problemas, do que com algo de transcendente.

Enfim, e porque todas as estórias têm de ter o seu fundo moral (ou imoral), a ideia base é que eu até gostava de acreditar num Deus ou Entidade Suprema, embora prefira uma meia horinha de conversa com Ele antes de me comprometer (só para esclarecer um ou dois pontos). De resto, todas as contrariedades, prefiro ultrapassá-las eu e deixá-Lo ocupado a “fabricar” outros mundos como este, já que este já viu melhores dias (mas há que ter fé).

sábado, julho 01, 2006

Mundial

Este post poderia pensar-se que chega tarde, mas não!Vem no tempo certo... O Mundial já começou há algum tempo, a fase de grupos já lá vai, e depois de uma passagem arrancada literalmente "a pau" aos quartos de final, a Grande Nação Portuguesa coloca os olhos esperançados no jogo de mais logo contra a Inglaterra (que adivinha-se desde já que não vai ser propriamente pacífico).

Por isso esta é a melhor altura para escrever estas breves considerações.O Mundial em si, não está a ser nada de especial. Não tem havido grandes jogos, nem uma quantidade anormal de golos esplêndidos ou mesmo um "outsider" mais atrevido que se queira intrometer nas contas das grandes potências.

Assim corre o Mundial, calmo e sereno com os tugas em suspense para ver até onde vai a equipa Lusitana, os nossos "Heróis do Mar". Há esperança e os tugas cantam, põem bandeiras, compram relógios, festejam, ele há de tudo. Os nosso jogadores são uns heróis e Portugal é o maior e o orgulho Nacional cresce a cada conferência de Imprensa e cada jogo.

Dia 9 o Mundial acaba... finito, provavelmente Portugal não já lá não vai estar, mas o Mundial acaba e pronto.

Portugal volta a ser isso mesmo, Portugal... e os tugas vão parecer não terem mais motivo para se orgulhar.

Nessa altura sou eu que vou gritar "Menos Ais menos ais... quero muito mais"... mas algo me diz que os tugas não vão ouvir. Parece triste não é??

Já agora ... e falando em heróis... um grande bem haja e os parabéns à Vanessa Fernandes! O nome diz-vos alguma coisa? Não? Pois... é só uma portuguesa tri-campeã Europeia em triatlo (coisa pouca). Atendendo que esta miúda não tem um centésimo do apoio que tem a nossa Selecção...tá tudo dito!!

segunda-feira, maio 15, 2006

INDEX DA INSONIA II

Já estava na hora do Index da Insónia regressar para dar continuidade, a um dos que será certamente dos espaços mais fortes do "InsóniaCrónica". Desta feita trago até aos leitores um CD, mas que também pode ser um DVD, se atendermos à existência de uma edição limitada que esgotou "enquanto o Diabo esfrega um olho", ou não estivésemos a falar do "Demon Days" dos Gorillaz.

A primeira e única banda virtual do mundo regressou em grande com esta magnífica pérola do universo fonográfico. Apesar dos inúmeros prémios já arrecadados por esta banda, a indústria fonográfica (se exceptuarmos a britânica talvez), parece teimar em não dar o lugar de destaque que esta merece.

Para os mais conhecedores e leitores mais ligados ao mundo musical, é de salientar as colaborações de nomes como Roots Manuva, De La Soul, Damon Albarn, Danger Mousse e do actor Dennis Hopper.

Aquela que é uma banda que vem crescendo quer em musicalidade como em criatividade, torna os seus trabalhos cada vez mais um espectáculo "media" deveras aprazível.

Deste álbum, na minha modesta opinião e para que aguçar um pouco do apetite dos eventuais interessados fica aqui o nome de duas faixas a reter num conjunto todo ele muito bom "El Manana" e "Fire Coming Out of the Monkey's Head" (simplesmente fantásticos) distinguiram-se para mim pela originalidade. Podem não ser as mais comerciais, mas daí eu nunca liguei muito a isso mesmo.

O Index promete voltar bem mais breve do que esta vez, até lá... um bem haja!