domingo, fevereiro 26, 2006

CARNAVAL

Confesso que nunca fui grande apreciador do Carnaval.
Contudo dissecando a mecânica destas incomuns festividades, descobri alguns pormenores que em nada ajudaram a atenuar a má imagem que eu sustento desta "comemoração".

Nada como começar pela:

Vertente histórica

As origens do Carnaval são obscuras e longínquas, sendo impossível atestar com um grau aceitável de certeza a altura em que apareceram.

Porém, alguns historiadores, teorizam que as festas que originaram o Carnaval são contemporâneas do início da prática agrícola (aproximadamente, 10.000 anos a.C).

Nesta altura o Carnaval não seria mais do que um "sarau" de danças à volta de uma fogueira para afugentar os maus espíritos que poderiam prejudicar as colheitas.

Ou seja, o princípio já de si parece-me muito estúpido.
Já o Carnaval Pagão, o antepassado directo do que conhecemos agora, começou quando Pisistráto, Governante de Atenas oficializa o culto a Dioníso (Baco) na Grécia, no século VII a.C. e, termina, quando a Igreja adopta, oficialmente, o carnaval, em 590 d.C.
Sendo Dionísio o Deus do êxtase e do entusiasmo, as festividades, consistiam num festival em que a imagem deste Deus era transportada em embarcações com rodas, "carrum navalis" (e daqui talvez o surgir da actual palavra), seguido de um cortejo de gente mascarada, com comportamentos ébrios, que finalizava no templo sagrado, o Lenaion, onde se consumava a hierogamia (o casamento do deus com a Polis inteira em procura da fecundação), ou seja "mega bacanal e viva a orgia".

Com a chegada da política Romana e o desenvolvimento cristão, as festividades foram censuradas devido ao seu cariz libertino e pecaminoso.
Logo, escusado será dizer que as orgias foram abolidas e, após algum,a relutância da Igreja, ficou apenas a "autorização" para os comportamentos doidivanos das populações mascaradas. Foram ainda introduzidas variantes culturais e desportivas, como as corridas de cavalos e peças teatrais, o que veio dar ao Carnaval um cariz multidusciplinar e cultural.

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Ora, vendo bem, acho que é muito asim que eu caracterizo o Carnaval hoje em dia.
Gente mascarada, com comportamentos muito similares aos seus antecessores de há 10.000 anos atrás (Ou seja, a escala evolutiva parou onde?).

Quero deixar bem claro, que não antipatizo, com os foliões de Carnaval, pertendo apenas atestar a minha falta de empatia com este tipo de festividade, com a qual não me identifico.

Tanto mais que o Carnaval, como festa multidisciplinar e cultural, está-se a apagar.

Certos Carnavais tradicionais vão dando invariavelmente lugar a uma cada vez mais homogénea festa abrasileirada, sendo de concluir que os festejos Carnavalescos dentro em breve voltarão a não ser mais do que um "sarau" de danças, não à volta de uma fogueira, mas sim num qualquer sambódromo.
Muita coisa se tem vindo a perder. As pessoas portam-se de forma irracional e os "disparates" (sendo já bem subtil, uma vez que condutas delituosas, também poderia ser aqui aplicado) sucedem-se.

Depois, e quase já em forma de conclusão gostava que os meus mui ilustres e honrados leitores me respondessem a umas questões que me atormentam constantemente nesta época:

- O porquê de uma das mais tristes frase feitas da História "A vida são só dois dias e o Carnaval são três"? (será que o autor não aguentou tal parvoeira até ao fim?)

- Se as danças e festejos de Carnaval servem para afugentar os maus espíritos, porque é que o Alberto João Jardim ainda é o "Presidente" da Região Autónoma da Madeira?

- Porque é que os homens teimam Carnaval após Carnaval em mascarar-se de mulher e as mulheres mascararem-se de prostitutas, ou por oposto de Freiras, ou de Freiras prostitutas?

Enfim, para finalizar esta minha representação mental, fica a moral da história.
O que deveria ser uma mega festa, cada vez mais se vai tornando numa monótona e enfadonha animação de rua, em que já nem o cariz pagão originário se mantém.

P.S: Salva-se, no meu entender, o Carnaval de Veneza, que com muita pena, mas também por culpa minha, não pude ir este ano. Mas para o ano... não falha.

Alguém quer vir também? Aceitam-se inscrições...

sábado, fevereiro 25, 2006

Aprendizagens

Há uns anos largos atrás, decidi que todos os dias havia de aprender algo de novo.
Coisas importantes da vida para as quais eu tinha sempre mais perguntas que respostas.

Para terem um exemplo, a primeira coisa que eu fui procurar à biblioteca (que na altura ainda não se usava a net), foi a razão pela qual as avestruzes enterram a cabeça na areia (como é que se consegue viver sem saber isto??).

Fiquei maravilhado quando descobri que aquilo que é conotado frequentemente como um acto de covardia, não é mais do que uma engenhosa forma de auto preservação.

As avestruzes face ao perigo, fogem (e têm boas pernas para isso) ou atacam. Mais simples e directo é impossível.

O facto de enterrarem a cabeça na areia serve apenas para rodarem os ovos que lá enterram e evitar assim que estes "cozam", garantindo a geração seguinte destes animais tão peculiares.

Espectáculo pensei...

É assim... as perspectivas do Mundo mudam muito com aquilo que a malta aprende, e até hoje não consegui deixar de me maravilhar.

Viva a avestruz!

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

GÉNESE

Esta pequena apresentação não pode começar de outra forma que não seja... "- Boa noite".

Por incrível que pareça, foram necessários cerca de 15 anos de convívio mais ou menos intenso com computadores para que eu me decidisse a criar um blog.

É obvio que nessa altura nem tão pouco se ouvia falar de tal coisa. Já a mui nobre World Wide Web sabe Deus. Windows?? Vinha a caminho, mas faltava um "danoninho".

Ainda assim, a modos que esta apresentação é um misto de desculpas e agradecimentos a um colectivo de individualidades.

As desculpas claro está, dirigidas aos leitores, pela falta de sensibilidade no que toca às mecânicas muito próprias dos blogs, com as quais ainda não me encontro devidamente familiarizado. De forma que os primeiros posts e apresentações serão como é evidente "de bradar aos céus".

Já os agradecimentos, vão directamente endereçados para todos aqueles que ao longo dos anos me foram convençendo que um blog é, mais que um espaço, um exercício adequado para mim.

É óbvio que não os vou nomear ou enumerar, uma vez que eu, tendo um círculo restrito de amigos, estes sabem certamente a quem me refiro.

Contudo sou eticamente obrigado a deixar um agradecimento especial a uma "outsider" ao reduto do meu círculo íntimo. À Marta, um grande bem haja pelo intenso brainstorming que culminou com a ideía do título deste espaço que se vos depara.

Mesmo sem saber, esta rapariga contribuíu com um título perfeito para alguém que dificilmente se deita antes das duas da manhã e que dedica a última parte do seu dia activo a pensar nas mais diversas temáticas.

Assim nasceu o "Insónia Crónica", um espaço, que não será de grandes reflexões, dissertações ou pensamentos complexos, tanto mais que eu nunca me vi com a capacidade ou abrangência intelectual para dissecar um assunto complexo no seu todo.

Irá primar pois então pela imaginação, sentido prático e criatividade de pensamentos associados a pequenas vivências do quotidiano comum.

Como não podia deixar de ser, fica lançado um repto no seio do meu círculo de amigos, que mais do que comentadores, se tornem colaboradores deste blog.

O convite, claro está estende-se igualmente à "madrinha" do Blog que tão bem "arquitectou" o presente nome.

Para todos aqueles a quem o João Pestana tarda em visitar, espero que se divirtam por aqui.