segunda-feira, agosto 28, 2006

Index da Insónia III

Por incrível que pareça, ainda não constava no “Index”, nenhuma obra literária (erro crasso para um devorador compulsivo de livros).

Assim, decidi hoje, que é um tão bom dia como qualquer outro presentear-vos com uma pequena pérola literária. Após ter ponderado a hipótese de começar por um clássico, precorrendo autores como Dostoievsky, Tolstoy, Edgar Poe, ou Oscar Wilde, trago-vos antes um pequeno livro de um (quase) ilustre desconhecido. Martin Page, um jovem escritor parisiense traz-nos “Como Me Tornei Estúpido”, pela mão da editora ASA.

Satírico, irónico e bem disposto, esta é uma história do quotidiano de um jovem perdido numa série de dilemas típicos de uma sociedade que se desenvolve a um ritmo alucinante, fazendo por vezes uma pessoa perder princípios, sem tão pouco reflectir sobre o assunto. Uma leitura divertida e que me parece uma óptima maneira de introduzir a literatura neste “Index”.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Hoje, e como para variar há já algum tempo que não aparecia por aqui, trago um tema sempre e cada vez mais actual… a Fé (como crença religiosa). A Fé é daquelas coisas que não se vêm, mas que têm uma força desmesurada (assim mais ou menos como a estupidez humana). Agora que os mais puritanos já me estarão a acusar de blasfémia e a imaginar-me a queimar nas profundezas fétidas dos Infernos, permitem que exponha o meu humilde ponto de vista.

A comparação com a Fé, ou crença religiosa, com a estupidez, parece-me uma analogia impossível de não se fazer, senão vejamos: Seja qual for a religião, existe invariavelmente uma entidade Suprema, omnipresente, omnisciente e omnipotente, mas sempre com o feitio de uma criança mimada. Algo, nas mãos de quem milhões de pessoas colocam as suas vidas, muitas delas literal e incondicionalmente. Quanto à recompensa… é algo que virá num futuro desconhecido, que invariavelmente coincide com o falecimento dos crentes.

Atendendo à vertente histórica, se repararmos bem, no primórdio da Humanidade já existiam crenças, que por mais arcaicas que nos pareçam hoje em dia, tinham muita lógica. Adorar o Deus Sol, a Lua, os Ventos e as Árvores… pudera, aquela gente estava mesmo dependente dos elementos e da Natureza, não admira que lhes dessem “graxa”. Já quanto a nós, Homo Sapiens orgulhosos, o que pedimos aos nosso Deuses? Além da saúde e de curas milagrosas para enfermidades, regra geral anda sempre à volta de, um emprego melhor, que o nosso clube seja campeão, que o nosso filho, neto, ou qualquer familiar largue as drogas, que a pessoa querida se apaixone por nós, que quando morrermos sejamos levados para um sítio bonito desde que nos portemos bem enquanto aqui estamos… Enfim, tudo coisas que dependem mais de nós do que propriamente de Alguém que esteja lá em “cima”.

E falando em “lá em cima”, essa é outra… o eterno pavor da fúria do Inferno, que hoje em dia já nem há muita gente a ligar. E porquê perguntam vocês? Porque decididamente, não há nada que um Diabo faça, que nós Humanos não consigamos inventar pior. Estou mesmo a imaginar o diabo a corar de vergonha, ao ver as barbáries da Santa Inquisição (aquele Torquemada, vai lá vai) Deus então nem consigo imaginar (parece que tou a Vê-lo a pensar “- Então queimar pessoas e torturá-las daquela maneira não era suposto ser coisas para serem feitas meeesmo “lá em baixo”?).

Outra das grandes vertentes da chamada “Fé” é a capacidade de se revelarem autênticas jazidas de combustível para uma enorme proliferação de seitas que por aí aparecem. Basta dizer “problemas de dinheiro, saúde, amor, profissionais, etc. Nós resolvemos!” (ou seja, todos e quaisquer problemas da vida em sociedade actualmente), o que faz depreender que “Fé” confunde-se cada vez mais com a falta de vontade de resolver os próprios problemas, do que com algo de transcendente.

Enfim, e porque todas as estórias têm de ter o seu fundo moral (ou imoral), a ideia base é que eu até gostava de acreditar num Deus ou Entidade Suprema, embora prefira uma meia horinha de conversa com Ele antes de me comprometer (só para esclarecer um ou dois pontos). De resto, todas as contrariedades, prefiro ultrapassá-las eu e deixá-Lo ocupado a “fabricar” outros mundos como este, já que este já viu melhores dias (mas há que ter fé).