Confesso que nunca fui grande apreciador do Carnaval.
Contudo dissecando a mecânica destas incomuns festividades, descobri alguns pormenores que em nada ajudaram a atenuar a má imagem que eu sustento desta "comemoração".
Vertente histórica
As origens do Carnaval são obscuras e longínquas, sendo impossível atestar com um grau aceitável de certeza a altura em que apareceram.
Porém, alguns historiadores, teorizam que as festas que originaram o Carnaval são contemporâneas do início da prática agrícola (aproximadamente, 10.000 anos a.C). Nesta altura o Carnaval não seria mais do que um "sarau" de danças à volta de uma fogueira para afugentar os maus espíritos que poderiam prejudicar as colheitas.
Ou seja, o princípio já de si parece-me muito estúpido.
Já o Carnaval Pagão, o antepassado directo do que conhecemos agora, começou quando Pisistráto, Governante de Atenas oficializa o culto a Dioníso (Baco) na Grécia, no século VII a.C. e, termina, quando a Igreja adopta, oficialmente, o carnaval, em 590 d.C.
Sendo Dionísio o Deus do êxtase e do entusiasmo, as festividades, consistiam num festival em que a imagem deste Deus era transportada em embarcações com rodas, "carrum navalis" (e daqui talvez o surgir da actual palavra), seguido de um cortejo de gente mascarada, com comportamentos ébrios, que finalizava no templo sagrado, o Lenaion, onde se consumava a hierogamia (o casamento do deus com a Polis inteira em procura da fecundação), ou seja "mega bacanal e viva a orgia".
Com a chegada da política Romana e o desenvolvimento cristão, as festividades foram censuradas devido ao seu cariz libertino e pecaminoso.
Logo, escusado será dizer que as orgias foram abolidas e, após algum,a relutância da Igreja, ficou apenas a "autorização" para os comportamentos doidivanos das populações mascaradas.
Foram ainda introduzidas variantes culturais e desportivas, como as corridas de cavalos e peças teatrais, o que veio dar ao Carnaval um cariz multidusciplinar e cultural.
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Ora, vendo bem, acho que é muito asim que eu caracterizo o Carnaval hoje em dia.
Gente mascarada, com comportamentos muito similares aos seus antecessores de há 10.000 anos atrás (Ou seja, a escala evolutiva parou onde?).
Quero deixar bem claro, que não antipatizo, com os foliões de Carnaval, pertendo apenas atestar a minha falta de empatia com este tipo de festividade, com a qual não me identifico.
Tanto mais que o Carnaval, como festa multidisciplinar e cultural, está-se a apagar.
Certos Carnavais tradicionais vão dando invariavelmente lugar a uma cada vez mais homogénea festa abrasileirada, sendo de concluir que os festejos Carnavalescos dentro em breve voltarão a não ser mais do que um "sarau" de danças, não à volta de uma fogueira, mas sim num qualquer sambódromo.
Muita coisa se tem vindo a perder. As pessoas portam-se de forma irracional e os "disparates" (sendo já bem subtil, uma vez que condutas delituosas, também poderia ser aqui aplicado) sucedem-se. Depois, e quase já em forma de conclusão gostava que os meus mui ilustres e honrados leitores me respondessem a umas questões que me atormentam constantemente nesta época: - O porquê de uma das mais tristes frase feitas da História "A vida são só dois dias e o Carnaval são três"? (será que o autor não aguentou tal parvoeira até ao fim?)
- Se as danças e festejos de Carnaval servem para afugentar os maus espíritos, porque é que o Alberto João Jardim ainda é o "Presidente" da Região Autónoma da Madeira? - Porque é que os homens teimam Carnaval após Carnaval em mascarar-se de mulher e as mulheres mascararem-se de prostitutas, ou por oposto de Freiras, ou de Freiras prostitutas?
Enfim, para finalizar esta minha representação mental, fica a moral da história.
O que deveria ser uma mega festa, cada vez mais se vai tornando numa monótona e enfadonha animação de rua, em que já nem o cariz pagão originário se mantém. P.S: Salva-se, no meu entender, o Carnaval de Veneza, que com muita pena, mas também por culpa minha, não pude ir este ano. Mas para o ano... não falha.
Alguém quer vir também? Aceitam-se inscrições...